LIVRO CONTA A HISTÓRIA DO THAETRO DA PAZ

O volume 5 da Série Restauro foi lançado dia 21 de março deste ano e é um trabalho minucioso que faz um levantamento de informações históricas preciosas, incluindo fotos e ilustrações inéditas do Theatro da Paz.
O trabalho é uma parceria do governo do Pará, por intermédio da Secretaria de Estado e de Cultura (SECULT) em parceria com a Academia Paraense de Música - APM. A publicação reúne em mais de 500 páginas a história e vida cultural do teatro com foco no trabalho de restauração realizado no Theatro da Paz no período de 2001 e 2002 detalhadamente documentado pelo setor de projetos da Secult.
A ideia da publicação foi estimulada pela Academia Paraense de Música, o que além de ser um documento-guia minucioso da vida do teatro, traz a contribuição de textos escritos especialmente para esta publicação por Vicente Salles, Benedito Lima de Toledo, Allan Watrin Coelho, Fabiano Bastos Moraes e Gilberto Chaves em relatos que complementam e rememoram o significado desta casa de espetáculos para a cidade de Belém desde a sua pedra fundamental até os nossos dias, passando pelo frisson do período da borracha.

O secretário de Cultura do Estado, Paulo Chaves, não esconde a alegria pela qualidade alcançada. "Ele traz informações que ninguém conhecia sobre a vida do teatro, incluindo as gravuras, fotos e ilustrações de grande importância para a memória desse monumento, além do próprio trabalho de restauração que servirá como fonte de dados essenciais para as intervenções que vierem a ocorrer. Considero este livro tão importante quanto a realização do Hangar ou da Estação das Docas", admite.

O THEATRO
O Theatro da Paz foi fundado em 15 de fevereiro de 1878, durante o período áureo do Ciclo da Borracha, quando ocorreu u grande crescimento econômico na região. Belém viveu um significativo processo de transformação sócio econômica nesse período, chegando a ser chamada de “A Capital da Borracha”. Mas apesar desse processo, a cidade ainda não possuía um teatro de grande porte, que fosse capaz de receber espetáculos do gênero lírico. Para satisfazer o anseio da sociedade da época, o governo da província contrata o engenheiro militar José Tiburcio de Magalhães que dá início ao projeto arquitetônico inspirado do Teatro Escala de Milão (Itália). Em julho de 1969 teve início sua construção, tendo como destaque a arquitetura neoclássica. Inaugurado como Nossa Senhora da Paz, nome alusivo ao final da Guerra do Paraguai, teve seu nome reduzido para Theatro da Paz dois dias depois da inauguração.
Foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia e tem características grandiosas: 1.100 lugares, acústica perfeita, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto, dezenas de obras de arte, gradis e outros elementos decorativos revestidos com folhas de ouro.. Atualmente, é o maior Teatro da Região Norte e um dos mais luxuosos do Brasil. Com cerca de 130 anos de história, é considerado um dos Teatros-Monumentos do País.


ESTRUTURA DO THEATRO E REFORMAS

HALL DE ENTRADA
  O hall de entrada é composto por materiais decorativos importados da Europa: ferro fundido inglês nos arcos das portas; escadaria em mármore italiano; lustre francês; bustos em mármore de carrara dos escritores brasileiros José de Alencar e Gonçalves Dias; estátuas em bronze francês; piso com pedras portuguesas formando mosaico e coladas com o grude do Gurijuba (peixe encontrado na região); paredes e teto pintados representando as artes gregas.



CORREDOR DAS FRISAS
 Em 1905 é fechada a porta principal de acesso ao salão de Espetáculos, já que a mesma prejudicava a acústica, em seu lugar é colocado um espelho em cristal francês. Além do espelho foram acrescentadas estátuas em pedra francesa e nas paredes foram fixadas placas em ferro esmaltado contendo o regulamento da época informando que “é proibido fumar”. O piso foi decorado em Parquê, utilizando as madeiras regionais como acapú e pau amarelo. 




SALÃO DE ESPETÁCULOS 
  A Sala de Espetáculos que originalmente possuía 1100 lugares, hoje comporta 900. As cadeiras conservam o estilo da época em madeira e palhinha adequadas ao clima da região. A balaustrada é toda em ferro inglês folheado a ouro. A pintura em afresco do teto central apresenta elementos da mitologia greco-romana fazendo uma alusão ao Deus Apolo conduzindo a Deusa Afrodite e as musas das artes à Amazônia.No centro do teto foi adaptado o lustre em bronze americano que substituiu um grande ventilador que ajudava amenizar o calor. Nas paredes, com motivos florais, as pinturas imitam o papel de parede. O forro dos camarotes foram pintados obedecendo à hierarquia social da época; para a 1ª classe eram utilizadas as seguintes localidades: varanda, platéia, frisas, camarotes e procênios de 1ª ordem; para a 2ª classe: galerias, camarotes e procênios de 2ª ordem e para 3ª classe paraíso. Os procênios eram reservados as autoridades como: Prefeito chefe de polícia e diretores de escola. O Camarote Imperial, atualmente do Governador, situado na 1ª ordem de camarotes é ornamentado com mobília em madeira regional. O pano de boca pintado na França no ateliê Carpezat intitulado “Alegoria à República“ foi inaugurado em 1890 em celebração a República Brasileira.



SALÃO NOBRE
  O Salão Nobre (Foyer), local onde a nobreza costumava se reunir, para bailes, pequenos recitais e durantes os intervalos dos espetáculos, é um espaço altamente decorado com espelhos e lustres em cristal francês e bustos em mármore de carrara de dois grandes compositores da época: Carlos Gomes e Henrique Gurjão. O mezanino do salão era o local usado pelos músicos nos eventos sociais e freqüentado pelas pessoas do paraíso em noite de espetáculos. Quanto à pintura do teto feita em 1960 é do Pernambuco Armando Baloni, que se inspira nas musas da música ladeadas pela fauna e flora amazônica. As paredes, pintadas pelos italianos, retratam motivos neoclássicos com buquês de flores.



FRONTARIA
  No início do século XX a frontaria foi o ponto mais significativo da reforma. Devido haver polêmico na norma do neoclássico italiano: na regra colunas pares e entradas impares, mas inaugurou ao contrário, com sete colunas e 6 entradas. Na reforma de 1905 foi recuado o frontão, retirando uma coluna e uma entrada, para decorar colocaram medalhões de musas, que representam as artes cênicas: comédia, poesia, música e tragédia; as laterais a dança. No centro o Brasão do Estado do Pará. As luminárias da balaustrada uma representam o dia e a outra à noite.


Márcia Verônica - Jorn 13

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